Mudei muito desde a última vez que estive em Lisboa. Não me reconheci em nenhum dos espaços. Ou talvez fosse a Lisboa que me recebia que tivesse mudado, com novas cicatrizes, com novas esperanças. No fundo, a mesma Lisboa que acolhe… onde nos sentimos também em casa, onde caminhamos com certa intimidade como se nossa casa ficasse na próxima esquina. Gosto de ver os caminhos de pedras, de cores e aromas. Gosto de descobrir palavras, pessoas, roupas escuras secando nas janelas, cheiro de pão fresco e fruta madura, e castanha assando. Ouço ao longe um Fado e me surpreendo ao reconhecer a letra… coisas da infância, da minha mãe cantarolando Amália Rodrigues, coisas que nem tinha noção que sabia. Somos todos meio lusitanos. Me perco na arquitetura, nos portais e nos gradis. Tudo tão cheio de história e tão pura beleza. Beleza sofrida, como o Fado. Lisboa se moderniza. Não, na verdade, Lisboa se restaura. Não tem espaço para o moderno. Tudo é atemporal em Lisboa. Esse é seu segredo.
Lindo! Que belas fotografias!